A giberela é uma das mais importantes doenças que afetam as plantas de trigo e outros cerais como milho e cevada, que é causada por um complexo de espécies de um fungo ascomiceto, sendo os mais comuns Fusarium graminearum e F. meridionale. A ocorrência de giberela é mais comum na região Sul do Brasil, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná onde predomina um ambiente de maior umidade durante a floração e enchimento de grãos, quando a cultura se encontra suscetível ao ataque pelo patógeno. Além da redução na produtividade e qualidade de grãos, outro grande problema resultante da dessa doença é a produção de micotoxinas, tais como Desoxinivalenol (DON), Nivalenol (NIV) e Zearalenona (ZEA). A presença de micotoxinas acima do limite máximo permitido são toxicas para humanos e animais que consumirem grãos de trigo contaminados.
Os sintomas típicos da doença apresentam-se na forma de senescência prematura das espiguetas com coloração róseo a palha, de modo que essa mudança de cor indica esporulação do patógeno sobre o tecido vegetal lesionado. As espiguetas doentes podem aparecer de forma aleatória na espiga, além disso, aristas arrepiadas é outro sintoma característica da doença. Os grãos afetados se apresentam deformados e chocos, podendo apresentar a coloração rosada resultante da colonização pelo fungo.
O fungo sobrevive em restos culturais na forma de peritécios, forma sexual do fungo que produz ascósporos que são disseminados pelo vento até encontrar espigas em fase de florescimento, período critico para ocorrer a infecção. Havendo chuvas que promovem o molhamento prolongado (>18 h) das espigas, o esporos germinam e infectam novos tecidos, podendo colonizar toda a espiga. Os esporos do fungo podem ser dispersos pelo vento, respingos de chuva ou sementes infectadas. O fungo pode sobreviver em restos culturais de trigo e outras gramíneas hospedeiras, como o milho, sendo assim fonte de inóculo inicial para próxima safra de trigo.
A Giberela é uma doença de difícil controle, principalmente devido a falta de cultivar resistente, perda de eficácia dos fungicidas recomendados e produção de micotoxinas que podem inviabilizar o consumo de grãos a depender da concentração e toxina presente. Diversas são as recomendações feitas aos triticultores, dentre elas tem-se optar por cultivares com elevados níveis de resistência genética que desfavorecem/impedem o processo de infecção. É muito importante manter a fase de antese (florescimento) até a fase de grão leitoso protegida com aplicação de fungicidas triazóis, multissítios protetores ou misturas de triazol + estrobirulina. Evitar realizar sucessão ou rotação de trigo com outras gramíneas que também são hospedeiras do patógeno, como o milho. O sistema de previsão de risco Sisalert é uma importante ferramenta que ajuda na tomada de decisão, visando que as aplicações de fungicidas sejam realizadas antes da ocorrência de condições climáticas favoráveis a doença.